Alemanha visa reforçar segurança energética contra ataques cibernéticos

Em um cenário político instável, a cibersegurança se faz urgente para garantir a segurança da população e da economia do país
Alemanha visa reforçar segurança energética contra ataques cibernéticos
Foto: Canva

Após o episódio do apagão ocorrido na Península Ibérica, a Alemanha publicou documento com medidas que devem reforçar a proteção do setor energético. 

De acordo com o Ministério Federal de Segurança da Informação (BSI), o setor é particularmente alvo de operações que buscam desestabilizar empresas de energia.

No documento “Cibersegurança no Setor Energético da Alemanha”, publicado no último dia 21, o Escritório Federal de Segurança da Informação (BSI, na sigla em inglês) publicou comunicado citando possíveis desafios que podem ser enfrentados no setor de energia, em decorrência do crescimento do fornecimento de energia descentralizada e da complexidade dos sistemas interconectados, como é o caso da Península Ibérica.

Em um cenário político instável, a cibersegurança se faz urgente para garantir a segurança da população e da economia do país. “Uma interrupção bem-sucedida no fornecimento de energia na Alemanha ou na Europa é um cenário assustador para os cidadãos, para a economia alemã e para as instituições do Estado”, disse Claudia Plattner, presidente do BSI.

“A vida em sociedade pararia, e o prejuízo econômico seria imenso. Com o agravamento das tensões geopolíticas, também mudaram as motivações dos possíveis agressores. Por isso, precisamos investir urgentemente em estruturas de segurança, medidas técnicas de proteção e arquiteturas resilientes, a fim de garantir a segurança do fornecimento de energia no longo prazo e minimizar os riscos de falhas sistêmicas”, salientou.

Cibersegurança no setor energético da Alemanha

De acordo com o Ministério Federal de Segurança da Informação, o risco de ataques cibernéticos é alto, e isso vem sendo abordado há anos, especialmente com o crescimento massivo das energias renováveis. 

Um ataque desse tipo pode impactar a vida da população em todas as áreas, desde hospitais e transporte até o abastecimento de água potável. 

O documento cita que o setor energético pode ser foco de:

  • Operações cibernéticas apoiadas por Estados (por exemplo, Rússia, China, Irã, Coreia do Norte), com fins de desestabilização e espionagem;
  • Grupos de cibercriminosos que usam ransomware para extorquir empresas de energia;
  • Hacktivistas com objetivos ideológicos, especialmente em contextos de política climática e energética.

Com a expansão do setor renovável, outros desafios surgem para o setor de segurança, como, por exemplo, descentralização, redes inteligentes, sistemas de controle digital e acoplamento setorial. 

Tais mudanças, que fazem parte da transição energética do país, acabam colocando o sistema em vulnerabilidade, gerando novas oportunidades de ataques.

Um possível ataque cibernético à rede de eletricidade na Alemanha pode causar consequências graves, gerando apagões, afetando sistemas interligados na Europa, causando falta de fornecimento e impedindo o funcionamento de infraestruturas de emergência, como hospitais ou redes de comunicação.

O documento de posicionamento do BSI propõe uma série de ações estratégicas para garantir a segurança digital da infraestrutura energética da Alemanha. Entre elas:

  • Reforço institucional: O BSI deve assumir um papel central como órgão regulador e coordenador da cibersegurança do setor, com poder ampliado de fiscalização e intervenção em incidentes;
  • Padrões técnicos e resiliência: É necessário adotar um modelo de segurança em três níveis, que inclua proteção básica das redes operacionais, reforço de componentes críticos e blindagem de sistemas sensíveis. Também são recomendadas medidas de redundância e tecnologias avançadas de detecção de ataques;
  • Cooperação e compartilhamento de informações: O fortalecimento da colaboração entre empresas de energia, autoridades e órgãos de segurança é essencial, com o BSI atuando como centro de análise de ameaças e coordenação de respostas;
  • Capacitação e conscientização: A formação contínua de profissionais em segurança cibernética e operacional é prioritária, com apoio informativo do próprio BSI;
  • Pesquisa e inovação: O BSI propõe incentivar projetos de pesquisa para integrar energias renováveis de forma segura e desenvolver componentes tecnológicos otimizados para smart grids e sistemas descentralizados.

Alemanha como alvo de outros Estados

Segundo Claudia Plattner, apesar dos possíveis ataques, o fornecimento de energia no país deve continuar se digitalizando, mas é preciso criar medidas de proteção efetivas para proteger o sistema. Plattner menciona que a Alemanha já foi vítima de ataques desse tipo no ado e que, por ser um país atrativo no sentido econômico e geopolítico, tem se tornado alvo:

“A Alemanha está na mira de vários Estados, especialmente China e Rússia, mas também Coreia do Norte e Irã”, comenta a presidente.

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Daniele Haller
Vivendo na Europa há 12 anos, trabalha como jornalista correspondente para diferentes canais de comunicação no Brasil, assim como para projetos que apoiam o desenvolvimento de brasileiros no mercado de trabalho no exterior. Graduada em Jornalismo pela Estácio de Sá do Ceará em 2008.

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