Especialista analisa momento de transição no novo modelo do setor elétrico

Tecnologias emergentes e incentivos fiscais mantêm o setor solar competitivo
3 min 39 seg de leitura
Especialista analisa momento de transição no novo modelo do setor elétrico
Foto: Freepik

“Eu vejo o mercado de energia solar no Brasil com o copo meio cheio. Mesmo diante dos desafios, o mercado brasileiro tem um enorme potencial. Em 2024, por exemplo, o país superou a marca de 20 GW de capacidade instalada e cada vez mais o mundo está se voltando para o Brasil”. Essa é a análise de Wellington Araújo, diretor regional da Sunova Brasil.

Durante o episódio #132 da quarta temporada do podcast Papo Solar, transmitido na terça-feira (27), Wellington Araújo, esteve presente para discutir o momento atual do setor elétrico na visão de um dos grandes fabricantes de módulos. Com o avanço acelerado da energia solar no Brasil, fabricantes e integradores enfrentam o desafio de se adaptar constantemente às transformações do mercado.

Tendências do mercado

Para Araújo, os desafios que enfrentamos hoje são inerentes à velocidade de expansão acelerada que o setor teve nos últimos 4 anos. “Hoje, já falamos em novas tecnologias, como o armazenamento de energia e o BESS é a próxima tendência do mercado”. Além disso, ele destacou que um dos incentivos para a migração são os ex-tarifários, que permite a isenção de impostos para tecnologias HJT, “consequentemente, isso acelera a conversa sobre acelerar a adoção da heterojunção se quisermos continuar com competitividade no mercado brasileiro”.

Ex-tarifários

“O ex-tarifário representa um ganho direto para o consumidor final, por isso defender essa bandeira é tão importante!”, afirmou o especialista.

Araújo também defendeu que a manutenção do benefício fiscal reduz o custo dos sistemas e amplia o o a tecnologias mais modernas, garantindo competitividade no mercado e permite que o Brasil acompanhe a evolução tecnológica global. “A revogação desse regime de importação não envolve apenas fatores de mercado, mas também decisões governamentais, com impacto direto sobre toda a cadeia produtiva, além de frear investimentos”, explicou.

Como está o mercado em 2025

Apesar dos bons números, o cenário para 2025 se mostra desafiador. A avaliação é de que o setor vive um momento de desequilíbrio global entre oferta e demanda, com reflexos diretos nos preços, na entrada de novos competidores e no ritmo de crescimento. “Hoje, tem uma relação de oferta muito maior que a demanda, deu uma desbalanceada nessa equação, é uma relação muito desproporcional”, afirmou Araújo.

De acordo com a própria empresa, o mercado brasileiro tornou-se uma opção natural para grandes fabricantes internacionais após um forte investimento chinês na expansão da capacidade produtiva tanto de células quanto de módulo nos últimos três anos. A expectativa dessas empresas era atender a uma demanda global crescente, que acabou não se confirmando no ritmo projetado.

Araújo, destacou os principais entraves que o mercado tem enfrentado no cenário atual, especialmente em razão da alta da taxa Selic e das dificuldades de o ao crédito. Segundo ele, o aumento dos juros tem levado o consumidor final a reavaliar onde e como investir, tornando o crédito menos ível e mais caro. “Hoje, tomar crédito não está barato, e isso trava muitos negócios. O investidor está mais cauteloso e buscando outras opções antes de comprometer recursos”, afirmou.

Ele ainda relatou que segundo distribuidores, é cada vez mais difícil garantir financiamento em condições favoráveis, o que afeta diretamente o escoamento de produtos e a operação logística das empresas. “A falta de crédito em condições competitivas acaba comprometendo todo o sistema operacional dos distribuidores, o que reflete em queda nas vendas”, comentou.

Além do crédito, outros fatores também preocupam: aumento da concorrência, chegada de novos tributos, guerra de preços e pressão nos custos. “São muitas variáveis desafiadoras com as quais o mercado precisa lidar no dia a dia”, destacou.

Sobre as perspectivas para 2025, o especialista demonstrou cautela. Embora a Sunova tenha uma meta ambiciosa de entrega de 1,2 GW em projetos, ele acredita que esse número pode não ser atingido integralmente. “Minha previsão pessoal é que não vamos conseguir chegar aos 1,2 GW, mas devemos fechar muito próximo de 1 GW ainda em 2025”, concluiu.

Assista ao episódio completo

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Caique Amorim
Estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Tenho experiência na produção de matérias jornalísticas.

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