O armazenamento de energia com baterias elétricas está cada vez mais ocupando o seu espaço no Brasil e no mundo. Muitas empresas, entidades e consumidores estão adotando esse tipo de tecnologia, inclusive com energia solar.
Para trazer uma amostra deste cenário aos leitores, o Canal Solar realizou a seleção de alguns projetos de armazenamento que já estão em operação no país.
Agricultor usa energia solar com baterias para evitar queima de equipamentos
Um sistema inovador de energia solar com baterias permite regular a tensão e a frequência da rede elétrica, melhorando a qualidade da energia consumida pelos equipamentos e pelas máquinas na propriedade.
O agricultor reportava ter muitos problemas com a queima de equipamentos caros e importados, utilizados nos processos produtivos da fazenda. O sistema solar com armazenamento permitiu uma maior confiabilidade nas operações, garantindo a redução de custos de manutenção, o aumento de produtividade e o consequente aumento de receita ao agricultor.
O projeto de armazenamento foi implementado pela Alsol Energias Renováveis no modelo inovador de energy as a service, onde a empresa fez o investimento do projeto e o agricultor paga um aluguel mensal. Gustavo Malagoli, diretor técnico da empresa, comentou que o projeto entrou em operação no final de 2020 e os resultados iniciais mostram que a tecnologia tem um grande potencial.
“Nós somos uma empresa que possui um olhar especial para a questão do agro. Acreditamos muito no agrobusiness, que é uma das bandeiras do nosso país”, destacou o executivo.
Sistema híbrido alimenta toda a cidade de Oiapoque no Amapá
O projeto permitiu otimizar a infraestrutura e os custos operacionais, através da redução do uso de óleo diesel para a geração de energia, além de buscar a sustentabilidade. Implementado em Oiapoque (AP), o sistema é composto por uma usina fotovoltaica de 4 MW e uma usina térmica de 12 MW com geradores a diesel, ambas operando em conjunto.
A cidade não está conectada ao SIN (Sistema Interligado Nacional) e depende da produção de energia isolada para fornecer e abastecer o município com mais de 24 mil moradores. A usina fotovoltaica foi instalada em 2017 pela Voltalia após ganhar uma licitação para fornecimento de energia elétrica para Oiapoque, sendo a única empresa a oferecer um projeto híbrido fotovoltaico-térmico.
A planta conta com 15.840 painéis solares e 132 inversores, ocupando uma área de 70 mil m². A usina gera aproximadamente 5 GWh por ano e a integração da energia solar à térmica gera uma economia de 10% de diesel por ano.
Embora não possua armazenamento com baterias, esse tipo de sistema híbrido, que combina múltiplas fontes de energia, pode beneficiar-se com a instalação de bancos de baterias, que podem contribuir para minimizar e otimizar o uso dos geradores a diesel.
Durante apagão, cidade do Amapá garante energia por meio de fonte solar e baterias
O apagão no Amapá ocorrido em 2020 impactou cerca de 782 mil pessoas e deixou 13 dos 16 municípios do estado sem energia elétrica. Entre as cidades que não foram afetadas está Laranjal do Jari.
Isso porque as comunidades da região foram abastecidas a partir de um sistema de energia solar com baterias instalado pela SS Solar, em parceria com a SMA Solar. As famílias podem consumir 760 kWh/dia graças ao sistema que gera energia a partir da fonte solar e armazena em baterias.
O projeto, desenvolvido em fevereiro de 2020, é responsável por levar energia elétrica a 146 famílias ribeirinhas que foram removidas da Comunidade de São Francisco do Iratapuru, em Monte Dourado, para a construção da UHE (Usina Hidrelétrica) Santo Antônio do Jari.
Microrrede é colocada em funcionamento no PE
O Grupo Moura, em parceria com o ITEMM (Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura), colocou em funcionamento uma unidade de microrrede (migrogrid) híbrida na sede do instituto, na cidade de Belo Jardim (PE). O projeto explora o potencial de integração entre energia fotovoltaica, geração a diesel e armazenamento de energia, atendendo às áreas isoladas com maior eficiência.
A microrrede Moura/ITEMM tem um sistema fotovoltaico de 310 kWp de potência instalada, com um banco de baterias de 250 kW / 560 kWh e um grupo gerador de 75 kVA. Em conjunto com o gerador a diesel, as baterias permitem a continuidade das operações mesmo em situações de quedas de energia por muitas horas ou dias.
Barco-hotel no AM inova e opera com e energia solar e baterias
Após reduzir em 46% o consumo de diesel com a instalação de um sistema fotovoltaico, o barco-hotel Untamed Amazon deve zerar o consumo de combustível fóssil e utilizar somente a energia do Sol para abastecer a sua rede elétrica. As medidas que serão adotadas farão com que o tempo de payback do investimento seja de cinco anos.
Segundo a Junglers Marié Agência de Viagens, empresa do grupo Untamed Angling do Brasil e proprietária do barco, isso será possível por meio da troca dos 94 painéis solares de 260 Wp, que geram entre 85 e 104 kWh/dia, por módulos bifaciais de maior capacidade. Com isso, é estimado que o sistema triplique sua geração de energia.
Ademais, houve a troca do conjunto de baterias de chumbo ácido, que entrou em colapso devido ao ambiente úmido e quente da região, por baterias de lítio. A troca foi realizada pela empresa ION Energia. As baterias utilizadas, modelo B-Box 13,8 kW, são fabricadas pela BYD e são compatíveis com o sistema de inversores e demais componentes do sistema instalado.
Brasil recebe o primeiro sistema híbrido em aplicação de irrigação
A energia solar tem sido uma ótima aliada do produtor rural, otimizando os custos com eletricidade, aumentando a produtividade e favorecendo a sustentabilidade nas atividades rurais. Exemplo disso é o sistema de irrigação de três pivôs implantado em uma propriedade rural no sudoeste de Goiás, a cerca de 300 km de Goiânia, com o uso da energia solar.
O sistema de irrigação é abastecido por meio de um sistema fotovoltaico de 773 kWp, com 700 kVA de inversores, 750 kVA de gerador a diesel e um banco de baterias de 300 kWh de autonomia.
A grande novidade do projeto é que o sistema todo opera na forma de uma microrrede, totalmente autônoma e estável, sem a necessidade de complementação da rede elétrica. Os inversores, o banco de baterias e o gerador a diesel operam de forma coordenada, o que garante excelente confiabilidade no atendimento das cargas.
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